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Em 21 de janeiro de 2013 às 03:01

Campeão da Série C, Luís Carlos Martins abre o jogo e conta tudo ao Sr. Goool

Técnico do Oeste falou da campanha do acesso, projetou a temporada 2013, lembrou do início da carreira e ainda palpitou sobre a Seleção

Rodolfo Brito São Paulo-SP

São Paulo - O técnico Luís Carlos Martins colocou o Oeste no mapa. Foi ele um dos responsáveis pelo inédito acesso à Série B do Campeonato Brasileiro 2012. O clube de Itápolis também garantiu o título da Série C - sua primeira conquista nacional em 91 anos de história.

Neste bate-papo exclusivo com o site Sr. Goool, ele contou sobre suas façanhas no esporte, o início da carreira, os percalços do título e a falta de marketing. "Eu tenho um grande defeito, até sei fazer, mas não faço marketing. Não gosto de aparecer. Gosto de trabalhar. Minha apresentação profissional é meu dia-a-dia, meu trabalho, minha honestidade. Mas hoje, infelizmente, não dá para guardar a bandeira, é preciso pendurar".

CONCENTRADO! Técnico concede entrevista antes do treino!
O treinador ainda projetou a temporada do Oeste em 2013 e também falou sobre Seleção Brasileira e Luiz Felipe Scolari. "Hoje é preciso deixar o Felipão trabalhar. Ele conhece a Seleção, os jogadores... é preciso dar tempo a ele e a comissão técnica".

Luiz Carlos Martins assumiu o Oeste na 14ª rodada da Série C, quando estreou com vitória sobre o Santo André, por 2 a 1. A caminhada até o acesso e o título seguiu com mais cinco triunfos e cinco empates. No mata-mata, o clube paulista ainda desbancou os favoritos Fortaleza e Chapecoense. A campanha do campeão contou com sete triunfos em casa, quatro empates e só uma derrota. O Oeste ainda venceu quatro vezes como visitante, teve outros quatro empates e quatro derrotas.

A temporada 2013, por sua vez, começou com derrota. O Oeste perdeu para o Botafogo, por 2 a 0, em Ribeirão Preto, na primeira rodada do Campeonato Paulista da Série A1. O time de Itápolis voltará a campo, nesta quarta-feira, contra o Palmeiras.

Confira o bate-papo entre o Sr. Goool e o técnico Luiz Carlos Martins:

Feitos!
Entre acessos e títulos tenho 16 conquistas. Procuro trabalhar com simplicidade. O grupo que se cuida bem fora de campo, faz um bom trabalho dentro das quatro linhas. Graças a Deus tenho trabalhado com bons grupos. Equilíbrio e união são peças chaves no nosso trabalho.

Campanha na Série C!
Já trabalhei no Oeste em diversas oportunidades e sempre consegui bons resultados. Quando cheguei, o grupo estava fora do G4 e tomando muitos gols. Mas conseguimos fazer a equipe voltar a vencer, a marcar em cima e a passar a levar poucos gols. Tenho meu esquema definido. Jogo com uma linha de três e os jogadores entenderam isso muito bem.

Desafios!
Jogamos o primeiro mata-mata contra o Fortaleza em casa e empatamos. Alguns fizeram cara feia, mas eu fiquei tranquilo. Jogamos muito mais. O Fortaleza achou o gol. Fomos para o Ceará e jogamos dentro do nosso padrão. Fizemos três, mas poderíamos ter feito mais. A equipe soube assimilar bem e conseguimos a classificação.

Título!
Falo para meus jogadores que aceito a derrota pelo fato de ser profissional, mas gosto mesmo é de vencer. Tem que fazer bem independente do clube. Seja um Oeste, Flamengo ou clube de várzea. Este título foi bom para a minha carreira. É um título nacional. A Série C foi muito difícil. A conquista coroou o trabalho deste grupo. A cidade de Itápolis tem cerca de 40 mil habitantes. O título gerou prestígio para a cidade e região. Foi a única equipe paulista que esteve nas finais do Brasileirão. Mostramos a força do interior.

Marketing!
Eu tenho um grande defeito, até sei fazer, mas não faço marketing. Não gosto de aparecer. Gosto de trabalhar. Minha apresentação profissional é meu dia-a-dia, meu trabalho, minha honestidade. Mas hoje, infelizmente, não dá para guardar a bandeira, é preciso pendurar. Mas a hora certa vai aparecer minha grande chance. Fui auxiliar do Corinthians com o Vadão. Não sou de ser auxiliar. Mas era o Vadão e o Corinthians. Também passei por outros grandes clubes como Bahia, Remo, Portuguesa, São Caetano...

Sonhos!
Falar é muito fácil. Mas tenho, sim, vontade de trabalhar em um grande clube. Por todos os clubes que passei, nunca tive problemas. Tanto é que sempre voltei. As vezes até aparece (propostas), mas como estou empregado, gosto de respeitar contrato. Mas quero uma chance em uma equipe de ponta.

Técnicos!

Há certas coisas que a gente precisa guardar. Não tenho problema com ninguém. Se precisar, até ajudo. Minha bandeira fica guardadinha. É uma profissão como qualquer outra. Desgastante. Estressante. Nunca agradamos todos. O que eu costumo falar é que se alguém já foi técnico, pode trabalhar em qualquer outro emprego do mundo.

Início!
Eu joguei no Guaçuano por cinco anos e lá tive Ademir Falsetti como padrinho. Certa vez estava jogando no Pinhalense e ele me chamou para ser técnico. O Guaçuano estava para cair. Não aceitei de primeira, afinal nunca tinha sido treinador. Mas ele me convenceu. Pendurei as chuteiras cedo, com 29 anos. A frente do Guaçuano, jogamos o Torneio da Morte, com quatro clubes, sendo que dois cairiam. Consegui salvar o Guaçuano. Daí fui chamado para comandar o Rio Branco, de Andradas. O Falsetti não quis deixar eu sair. Mas o Guaçuano estava bem e eu queria fazer currículo. No Rio Branco consegui subir para a primeira divisão. Peguei gosto e estou até hoje na profissão.

Dificuldades!
Tenho minha personalidade. No começo da carreira, qualquer coisa me irritava. Mas aprendi que comandar, não é mandar. O treinador é funcionário do clube. No começo tinha dificuldade para assimilar isso. Mas hoje estou bem mais tranquilo. Conheço tudo do futebol.

Jogador x técnico!
Nunca passei por isso (jogador derrubar técnico). Não quero acreditar que isso aconteça. Jogador de futebol não derruba técnico. Falo jogador profissional. Aquele que tem caráter, dorme cedo, trabalha duro, é de grupo. Este não derruba técnico. Quem derruba é o malandro. Aquele que vai para a noitada, que se acha dono do mundo, não respeita ninguém. O verdadeiro atleta não derruba técnico.

Paulistão!
Disputei todas as divisões, Série A, Série B, Série C e Série D do Brasileirão. Sou praticamente tri da Série C. Subi com o Santo André, América-RN e Oeste. Mas o Paulistão é bem complicado. Além das grandes equipes, sempre qualificadas, tem o pessoal do interior. Não há moleza. Tem que estar sempre atento. Há jogos quarta e domingo. O grupo precisa ser forte.

2013!
Cheguei a ter propostas de outros clubes, mas estava com a cabeça na Série C. Depois estes clubes se acertaram. Então recebi uma proposta para seguir no Oeste. Mantive a base do time. Queremos fazer um bom Paulista. Em 2011, fui campeão do interior com o Oeste. Falei com meus jogadores, que este é o momento de pensar apenas no Paulistão. Temos que esquecer a Série B. Já conseguimos o acesso no ano passado. Agora, o foco é no Estadual. O Paulistão é bem difícil. No meu comando, a gente não fala em Série B. Só vamos pensar nesta competição após o Paulista.

Interferência!
Nunca tive esse problema (interferência de dirigentes na escalação). Não dou abertura para isso. O treinador é o gerente da firma. Converso, mas é o treinador quem cuida da parte técnica e tática. Se não fosse assim, não precisaria de treinador.

Seleção Brasileira!
Falar de Seleção Brasileira é fácil e difícil. A gente que está de fora, fica muito fácil. Tem gente que taca pedra. Eu não costumo tacar pedra em ninguém. Hoje é preciso deixar o Felipão trabalhar. Ele conhece a Seleção, o Brasil, os jogadores, o torcedor... é preciso dar tempo a ele e a comissão técnica. Deixa ele trabalhar com tranquilidade.