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Brasileirão Série A
Em 01 de outubro de 2016 às 00:38

Péricles Bassols Cortez compara jogos das Séries A, B, C e D e reclama da estrutura dos clubes

Ele concedeu entrevista exclusiva ao Sr. Goool e não fugiu de nenhum assunto

Rodolfo Brito São Paulo-SP

Pernambuco - A vida de árbitro não é nada fácil no futebol brasileiro. Nem mesmo para os principais nomes, aqueles que têm o escudo da FIFA. Péricles Bassols Pegado Cortez conhece muito bem os dois lados da moeda. Ele é um dos 21 árbitros que apitaram partidas nas Séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro nesta temporada, sendo o único da entidade máxima do futebol. Se as diferenças em campo são visíveis para os apaixonados por futebol, ficam ainda mais claras para quem está dentro de campo.

"Tecnicamente e taticamente falando, com certeza a Série A é mais organizada. Não se tem tantos chutões. O jogo acaba sendo mais previsível e, com isso, o árbitro corre menos. Traço uma trajetória em campo e consigo me antecipar às jogadas. Perde-se menos a bola. E quando você sai da Série A e tem este escudo branco aqui (escudo da FIFA), os jogadores te respeitam mais. Eles pensam duas vezes antes de reclamar", comentou o árbitro carioca ao Sr. Goool.

 Péricles Bassols Pegado Cortez revelou seu amor pela profissão, mas também criticou o futebol brasileiro!Cesar GrecoPéricles Bassols Pegado Cortez revelou seu amor pela profissão, mas também criticou o futebol brasileiro!
Se a análise do jogo entre uma divisão e outra pode ser observada por todos, a estrutura oferecida pelos clubes só pode ser acompanhada pela arbitragem. E neste aspecto, Péricles Bassols tem inúmeras reclamações. Ele conta como a arbitragem sofre em determinados estádios.

"A estrutura é bem diferente de uma divisão para a outra. A melhor, logicamente, é na Série A. Na B até tem um pouco de estrutura. Mas nas outras divisões, sofremos um bocado, ainda mais quando não é jogo nestas novas Arenas. Chega a ser amador. Há até alguns casos em que os estádios são humildes, mas são limpos e a arbitragem consegue se virar. Em compensação, há situações em que precisamos pedir água, fruta, tudo. E nem sempre conseguimos. É um descaso total. Os dirigentes precisam entender que somos uma terceira equipe e precisamos do mínimo de estrutura possível", lamentou o juizão que, nesta temporada, trocou a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) pela Federação Pernambucana de Futebol (FPF).

Preparação!
O jogo e a estrutura podem ser diferentes de uma divisão para a outra, mas a preparação de Péricles Bassols é igual para qualquer partida. O problema é que nem sempre ele consegue se preparar de forma adequada, uma vez que é obrigado a fazer jornada dupla, como a maioria dos árbitros e assistentes.

"Pra mim é igual (a preparação antes dos jogos). Físico e mental são iguais. Nas divisões inferiores eu corro até mais. Por isso, precisamos estar focados e bem preparados. Mas a arbitragem precisa ser profissionalizada urgentemente. Enquanto nossa profissão não for reconhecida, os dirigentes vão continuar jogando todos os problemas do futebol nas nossas costas. Para eles, isso é muito cômodo. Sou cirurgião dentista e tenho que me dividir entre estas duas profissões. Esta semana fiz treinos físicos. O tático será apenas na hora do jogo, no sábado (Ele vai apitar Santos e Atlético Paranaense). Se não tivéssemos que dividir nosso tempo com outra profissão, com certeza o foco seria só o futebol", critica o árbitro FIFA de 41 anos.

"Diante disso, até fico chateado (de ser escalado em divisões inferiores). Você é FIFA e quer sempre fazer os melhores jogos. Mas para falar a verdade, gosto de estar escalado. Gosto de estar praticando. E a gente pratica mesmo é no jogo. Gosto demais deste negócio aqui. Sinto falta quando não estou escalado. E para falar verdade, alguns jogos da D são mais emocionantes que os jogos da A. Sou apaixonado por futebol", completou ele.

Objetivos e exemplo!
Nesta temporada, pelas quatro divisões nacionais, Péricles Bassols apitou 14 jogos ao todo, sendo nove da Série A, dois da Série B, um da Série C e dois da Série D.

"Tinha alguns objetivos, mas se esvaíram ao longo da carreira. Não dá mais para apitar a Copa de 2018. Só poderia tentar a Copa América ou Olimpíadas. Mas a idade também te deixa para trás. Queria uma Copa, uma Olimpíada... Quem sabe uma Eliminatória. Mesmo assim fui feliz. Gosto de ser árbitro. Apitei Libertadores, Brasileirão...", analisa Péricles Bassols que, como todo profissional, tem seus exemplos.

"Admiro o Aristeu Tavares. Ele me ajudou muito na profissão. Exemplo de caráter e homem. Também sempre gostei do Seneme (Wilson Luiz, ex-árbitro). Gostava do estilo dele de apitar. Sem falar no Simon (Carlos Eugênio, ex-árbitro) que foi uma inspiração a todos. Hoje, dos meus contemporâneos, tem o Sandro Meira Ricci. Outro grande árbitro", finalizou Péricles Bassols ao Sr. Goool.

O Sr. Goool conta com uma ferramenta exclusiva da arbitragem nacional e internacional. A ferramenta de busca traz todos os profissionais de arbitragem que apitaram jogos de campeonatos acompanhados pelo Sr. Goool. Basta digitar o nome do árbitro ou do assistente para ter a relação completa de partidas. Ou ainda é possível procurar a arbitragem através do menu "árbitros por campeonato". Tudo muito simples e fácil. (Clique na imagem abaixo e tenha o sistema de busca da arbitragem!)