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Brasileirão Série A
Em 20 de setembro de 2016 às 00:06

Gilberto Freire quer ser "batizado" na Série A e sonha com Fla x Corinthians no Maracanã

Em bate-papo com Sr. Goool, assistente falou dos novos desafios, da tecnologia no futebol, da profissão e muito mais

Rodolfo Brito São Paulo-SP

Pernambuco - Do apito para a bandeira. Gilberto Freire de Farias não é um assistente comum na arbitragem brasileira. Para se ter uma ideia, ele atuou em todas as categorias da profissão: de 4º árbitro a Árbitro Assistente Adicional, passando inclusive pela arbitragem central. Gilberto Freire, aliás, fez o caminho inverso da maioria dos profissionais de sua profissão. Enquanto muitos sonham em ser árbitros, ele trocou o apito pela bandeira. Gilberto Freire virou assistente nesta temporada.

"Não tem muita mudança. A preparação, as regras, a parte física, tudo é uma coisa única. Vendo por este lado, tudo permaneceu como antes, foco, dedicação. Quando eu era árbitro até pensava que, teoricamente, era mais fácil ser assistente. Hoje vejo que não é assim. Hoje vejo como é difícil ser assistente", explicou o pernambucano em entrevista ao Sr. Goool.

 Gilberto Freire - terceiro da esq. para a dir. - deixou o apito de lado e passou a atuar como assistente nesta temporada!Arquivo PessoalGilberto Freire - terceiro da esq. para a dir. - deixou o apito de lado e passou a atuar como assistente nesta temporada!
Não! Não pense que Gilberto Freire se arrependeu da troca. Pelo contrário. Ele está mais do que satisfeito e com objetivos ousados na arbitragem brasileira.

"Estou super feliz com esta mudança. Tive o convite e aceitei de imediato. Trabalhei por 15 anos de árbitro central. Agora, busco uma oportunidade nacional. Quero conhecer os estados, fazer grandes jogos. Sonho em trabalhar em um Flamengo e Corinthians no Maracanã. Este não é um jogo conhecido apenas nacionalmente, mas em todo o mundo", contou o assistente que tem trabalhado mais na nova função.

 Gilberto Freire na época em que era árbitro principal!Arquivo PessoalGilberto Freire na época em que era árbitro principal!
"Já tenho nove jogos em torneios nacionais. Antes, eu fazia três, quatro em nível nacional por temporada. Foi muito válido. Minha adaptação foi boa. Nasci para exercer qualquer função na arbitragem".

"Batizado"!
Gilberto Freire de Farias trabalhou em três partidas da Série B do Campeonato Brasileiro, em cinco da Série D - sendo uma semifinal entre CSA e São Bento - e em uma da Copa do Brasil. Ele, contudo, vive a expectativa de ser escalado para o primeiro jogo da Série A em sua nova carreira.

"A cada rodada fico nesta expectativa. Será hoje? Não vejo a hora de ser escalado. Quero ser 'batizado' na Série A e seguir em frente com meu trabalho. Com o trio fixo penso 'é como se o Sebastião Rufino (árbitro central) tivesse mais dois árbitros para colaborar. Eu, que já fui árbitro, e o 4º árbitro'. Acho a iniciativa muito boa", opinou Gilberto Freire em contato com o Sr. Goool.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para tentar diminuir os erros, determinou arbitragem fixa - mesmos árbitro e assistentes. Gilberto Freire de Farias tem a seu lado os pernambucanos Sebastião Rufino Ribeiro Filho (árbitro central) e Aílton José (assistente). E mesmo com este reforço, ele ainda torce para que seja implantada a tecnologia no futebol.

"A tecnologia ajuda a arbitragem. Não vejo a hora de termos o árbitro de vídeo. Ninguém é perfeito. Há interpretações que devem ser discutidas. Podemos falhar em um piscar de olhos, em um momento crucial e o árbitro de vídeo nos ajudaria. A tecnologia pode nos salvar em certos momentos".

Profissionalização!

A tecnologia é importante, mas Gilberto Freire vê como essencial a profissionalização da arbitragem. "Sem sombra de dúvidas (a arbitragem precisa ser reconhecida e profissionalizada). Queremos que a arbitragem seja profissionalizada. Viver 100% da nossa profissão nos ajudaria muito na preparação e foco. Hoje, além de tudo, ainda temos que contar com a sorte. A sorte do sorteio na escala de arbitragem", lamenta o assistente.

Enquanto isso não acontece, Gilberto Freire - assim como muitos profissionais da arbitragem - precisa se desdobrar em outra profissão. Prestes a completar 38 anos - fará aniversário em 23 de setembro -, o assistente também atua como professor.

"Sou professor municipal em Paulista (distante 17 km da capital Recife). Sou formado em Pedagogia e leciono em todas as disciplinas do Fundamental I. Dou aula quatro horas por dia. Apesar da correria, consigo conciliar as duas atividades. Consigo treinar e me preparar para o trabalho em campo. Agradeço a Deus e a minha família (Juliana, esposa, Robert e Júlia, filhos) pelo apoio de sempre em tudo que faço".

Exemplo!
Profissões que, de certo modo, estão ligadas a Gilberto Freire. Desde pequeno ele gosta de comandar, ensinar. E tudo começou com um sonho comum entre crianças, ser jogador de futebol.

"Entrei no futebol com a intenção de ser jogador. Mas sempre que ia para a escolinha, preferia ter a autonomia do professor em comandar o treinamento. Foi ai que peguei gosto pela arbitragem. Trabalhei no amador e, quando surgiu um curso, não pensei duas vezes. Fiz e estou na profissão até hoje. Muito feliz".

 Valdomiro Matias que serve de exemplo para Gilberto Freire!Arquivo PessoalValdomiro Matias que serve de exemplo para Gilberto Freire!
Todas as vezes que entra em campo, Gilberto Freire lembra de Valdomiro Matias, ex-árbitro e que também trabalhou como comentarista na TV e na Comissão de Arbitragem da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), que hoje serve de inspiração para o árbitro que virou assistente.

"O Valdomiro Matias apitava tudo. Foi aspirante FIFA. Eu me espelho nele. Levo um pouco do que aprendi. Ele foi um grande profissional. Temos também um eterno assistente da FIFA (Erich Bandeira) exercendo a função de Instrutor de Arbitragem, como atualmente temos um ASP. FIFA (Clóvis Amaral) e o CBF-1 (Marcelino Castro), respectivamente em atividade, excelentes profissionais que me espelho hoje quando da nova função. Enfatizo também o excelente trabalho que vem sendo realizado pela Comissão Nacional na pessoa do presidente Sérgio Corrêa, agradecendo pelas oportunidades. Também agradeço a minha comissão local que hoje é formada pelo presidente Salmo Valentim, os membros Erich Bandeira e Francisco Domingos, a psicóloga Bárbara Gaio, a assistente social Neide Zaidan e a secretária Edvânia, que tem total apoio do presidente da Federação Evandro Carvalho para desempenhar um excelente trabalho", finalizou o assistente Gilberto Freire ao Sr. Goool.

Sérgio Corrêa, presidente da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e Salmo Valentim, presidente da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol de Pernambuco (CEAF), liberaram Gilberto Freire a conversar com o Sr. Goool. Nem sempre os profissionais da arbitragem são permitidos a conceder entrevista.

O Sr. Goool conta com uma ferramenta exclusiva da arbitragem nacional e internacional. A ferramenta de busca traz todos os profissionais de arbitragem que apitaram jogos de campeonatos acompanhados pelo Sr. Goool. Basta digitar o nome do árbitro ou do assistente para ter a relação completa de partidas. Ou ainda é possível procurar a arbitragem através do menu "árbitros por campeonato". Tudo muito simples e fácil. (Clique na imagem abaixo e tenha o sistema de busca da arbitragem!)