São Paulo - Basílio costuma dizer que comemora duas vezes o aniversário. Uma na data do seu nascimento em 4 de fevereiro e outra em 13 de outubro pelos festejos do título do Corinthians no Campeonato Paulista de 1977. O pé de anjo foi o responsável por marcar o gol que encerrou jejum de 22 anos, oito meses e uma semana de conquistas do Alvinegro. Na atual temporada, contudo, as comemorações começaram mais cedo. Primeiro Jadson ganhou uma camiseta comemorativa com o número de 77. E tudo ficou ainda mais emblemático com a reedição da final de 40 anos atrás entre Corinthians e Ponte Preta. Muitos conhecem Basílio, mas poucos sabem de toda sua história, como desvendou o jornalista Rodolfo Brito no livro reportagem "Basílio: o anjo sob a sombra Do Gol".

Pouca gente sabe, aliás, que Basílio é sobrenome. O ex-jogador chama na verdade João Roberto Basílio. Ele deu os primeiros passos no futebol, por sinal, sob a alcunha de João Roberto. O sobrenome passou a ser nome muito antes de 1977 e fora do Parque São Jorge. Não muito distante, na verdade. Foi na Portuguesa que João Roberto virou Basílio.

Após fazer testes no Nacional, Juventus e São Paulo, Basílio chegou na Portuguesa em 1964. Na época tinha apenas 14 anos e disputava o infantil. Seu primeiro treinador foi Ipojucan Lins de Araújo, ex-meia-armador que fez história no Vasco e passou pela Seleção Brasileira. Ipojucan encerrou a carreira de jogador na Lusa, mas continuou no clube como treinador.

"Ele (Ipojucan) não se contentava em apenas pedir para os garotos realizarem uma tal jogada: fazia questão de mostrar cada passo. Assim, era respeitado e admirado por todos e o melhor de tudo, Ipojucan nunca errava a jogada que gostaria de ver seus pupilos desenvolvendo nos treinos e nos gramados", contou Basílio em seu livro.

Basílio batizado!
E foi em uma das primeiras aulas com o novo "professor" que João Roberto virou Basílio. Para situar, o futuro herói corintiano começou a carreira como atacante e tinha se destacado nos treinamentos como muitos gols. Ipojucan quis saber o nome daquele garoto, mas quase não conseguiu escutar de tão baixo que Basílio falou.

“Meu nome é João Roberto Basílio”, disse timidamente e quase não se fazendo ouvir. Ipojucan precisou fazer um esforço enorme para entender. “Bom, agora é só Basílio”, batizou Ipojucan com todo seu conhecimento", segundo relatos de "Basílio: o anjo sob a sombra Do Gol".

Batizado novamente, agora, no futebol, Basílio fez sucesso na Portuguesa e chamou atenção do Corinthians. Quarenta anos depois, ele ainda é idolatrado pela Nação Corintiana que o agradece pelo gol de 1977. E todos os Alvinegros - torcedores de Corinthians e Ponte Preta - começarão a rememorar aqueles jogos a partir de domingo, às 16 horas, no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas. Será lá o primeiro dos dois jogos da final. Em 1977, foram três confrontos. Todos no Morumbi.