São Paulo - O Campeonato Brasileiro da Série A vive, neste domingo, um dos piores momentos de sua história. Dos dez jogos da 2ª rodada, três acontecerão com portões fechados e dois serão longe da casa dos mandantes. A atual rodada do Brasileirão lembra o Campeonato Brasiliense que teve 31 das 69 partidas com os portões fechados. Mas a semelhança para por ai.

No Estadual do Distrito Federal, os jogos sem torcida aconteceram por falta de laudos técnicos dos estádios. A situação no Brasileirão, porém, é diferente, causada por vândalos travestidos de torcedores. Neste domingo, aliás, os torcedores (sem generalizar) deveriam estar envergonhados. Seus clubes do coração jogarão sem torcida e amargarão déficits no já falido futebol nacional.

O Goiás, no último sábado, venceu o Atlético Paranaense, por 2 a 0. Mas nenhum torcedor Esmeraldino pôde gritar gol de dentro do Estádio Serra Dourada, em Goiânia. O Goiás cumpre punição por causa da briga de torcedores que ocorreu no Brasileirão 2014 durante o jogo contra o Figueirense.

Já a Ponte Preta não poderá atuar com torcida nos dois primeiros jogos como mandante na Série A. A Macaca volta à elite, mas sua torcida não verá o duelo contra o São Paulo neste domingo. Além de ser um jogo contra um dos grandes do Estado, a torcida da Ponte Preta ainda reencontraria o atacante Luís Fabiano, ídolo do clube campineiro. O clube paulista foi punido por causa da confusão no jogo contra o Joinville na Série B 2014. Os torcedores entraram em conflito com a Polícia Militar e ainda atiraram objetos no gramado.

Por causa desta mesma confusão, o Joinville também foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Em razão da minoria, a grande torcida do JEC não terá o prazer de ver a estreia do clube, em casa, em seu retorno à elite nacional. O Joinville enfrentará o Palmeiras neste domingo, mas ficará marcado para sempre na história que o clube catarinense, em sua volta à Série A, atuou com os portões fechados.

O Corinthians, por sua vez, não jogou sem torcida, mas foi obrigado a atuar fora da cidade de São Paulo. O motivo foi a torcida ter acendido sinalizadores no duelo contra o Grêmio no Brasileirão 2014. O Timão bateu a Chapecoense, por 1 a 0, no último sábado, na Arena da Fonte Luminosa, em Araraquara, interior paulista. O Corinthians, que tem média superior a 20 mil pagantes na temporada, recebeu apenas 10.144 testemunhas. Este, talvez, será o pior público do clube no ano. Sem falar que o Corinthians costuma arrecadar R$ 1 milhão por partida. Mas nesta partida, a renda bruta foi de apenas R$ 501.499,00.

A situação do Atlético Mineiro é parecida. O Galo, por conta da briga de torcedores no clássico contra o rival Cruzeiro no ano passado, levou o duelo contra o Fluminense para o Mané Garrincha, em Brasília. O mesmo já havia acontecido com a Raposa na 1ª rodada. O atual bicampeão brasileiro simplesmente estreou na Arena Pantanal, em Cuiabá, por causa do mesmo incidente registrado na Série A 2014.

Poderia, neste momento, dar lição de moral aos torcedores, mas não adianta. Tais atitudes continuarão a acontecer no futebol brasileiro. E fatos lamentáveis não acontecem só em maus momentos dos clubes, vide Joinville e Ponte Preta que lutavam pelo título da Série B após já terem conquistado o acesso. Não adianta. Enquanto os clubes continuarem a passar a mão na cabeça dos "torcedores" e as punições forem brandas, o futebol brasileiro continuará vazio. Vazio de público, renda e espírito. Que sirva de lição! Afinal, a 2ª rodada do Brasileirão 2015 já entrou para a história!